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  • Foto do escritorJuliana Melo

O cromossomo de amor que faltava - Síndrome de Down


“A síndrome de down resulta de uma alteração genética presente no momento da concepção da criança, ocorre de modo bastante regular, afetando cerca de um em cada seiscentos recém-nascidos vivos” (SCHWARTZMAN,1999,p.111)

Certo, temos um novo desafio, Maria Eduarda! E, que bom que ela chegou no Maternal pois essa será uma etapa muito importante para o desenvolvimento dela e dos seus coleguinhas. Os estímulos que ela receber nesses primeiros anos de vida irão interferir diretamente na sua trajetória escolar e no seu desenvolvimento futuro. A entrada da criança com síndrome de Down ou outras deficiências intelectuais na educação infantil regular costuma trazer resultados muito positivos a própria criança, aos colegas, aos profissionais que a cercam e à comunidade.

Durante muitas décadas, a Síndrome de down, foi percebida de forma estereotipada, olhada como uma deficiência mental, cujo prognóstico destacava uma percepção distorcida aqueles que conviviam com uma pessoa que apresentava essa alteração genética. Com o avanço científico, deu-se início a estudos e pesquisas, relacionadas a síndrome, e muitas indagações que a envolveram vem sendo gradativamente desvendadas. Dessa forma as informações e o prognóstico educacional vão se tornado mais esclarecedores e animadores para as famílias. Tanto que na década de 80 a perspectiva de vida de um indivíduo com este diagnóstico era de 15 anos de idade, e a partir dos anos 2000 essa perspectiva está por volta de 60 a 70 anos.

Mas vamos ao nosso FOCO: A criança com síndrome de down! Segundo a literatura esses pequeninos geralmente apresentam um déficit na aquisição e desenvolvimento da linguagem, demonstrando nessa área os maiores atrasos, sendo tal fato atribuído as características específicas da síndrome que afeta, mesmo com todas essas dificuldades, essas pessoas tem capacidades para utilizar a linguagem e desenvolvê-las melhor desde que sejam oferecidas as mais diversas oportunidades, estímulos no seu contexto social. Por isso teremos de investigar se a nossa pequena Maria Eduarda já está sendo acompanhada por um fonoaudiólogo.

Estamos felizes porque somos uma equipe preparada para capacitar essa aluna. “Deve-se ter claro que os princípios norteadores da inclusão defendem que as escolas devem estar preparadas para identificar e responder as diversas necessidades de seus alunos, assim garantindo uma educação de qualidade para todos” (MENDES,2002,p.83)

Vamos lá! Nossa pequena está perto dos 2 aninhos, porém é importante que compreendamos que o seu estágio de desenvolvimento social e emocional corresponde a faze anterior aos de seus colegas da mesma idade devido às dificuldades de aprendizagem que já vem com o seu diagnóstico. Além disso, será mais difícil para ela absorver convenções de maneira intuitiva. Como consequência, seu entendimento de mundo será menos avançado e seu comportamento pode estar mais equilibrado com o de crianças mais novas.

Para qualquer criança, é muito mais difícil fazer progressos em áreas cognitivas até serem capazes de se comportar e interagir com os outros de uma maneira aceitável socialmente e de responder apropriadamente ao contexto imediato. O foco da ajuda e do apoio adicional nos primeiros anos deve, assim, ser a aprendizagem de regras para o comportamento social normal e apropriado. Os objetivos da inclusão social para a criança pequena com síndrome de Down incluem:

Aprender a participar e interagir.

  • Dar retorno a pedidos verbais e instruções.

  • Aprender padrões típicos de comportamento, por exemplo, saber a sua vez, dividir, fazer fila, sentar.

  • Aprender a brincar em cooperação.

  • Desenvolver independência: autoajuda e habilidades práticas.

  • Desenvolver amizades.

  • Preocupar-se com os outros.

Crianças com síndrome de Down frequentemente têm períodos de concentração menores que seus colegas. Também têm mais dificuldade em processar demandas por mais de um sentido por vez, o que inibe sua habilidade de concentração. Essas dificuldades são particularmente aparentes nos primeiros anos e muitas crianças pequenas podem se distrair facilmente, flutuando de uma atividade para outra.

Quanto menos definida e mais informal for a situação, mais difícil será para a criança pequena canalizar a atenção para uma atividade que dure. Crianças com síndrome de Down respondem bem a estruturas e rotinas e são capazes de apreendê-las bem. Ensiná-las a rotina e a estrutura dos seus dias com o auxílio de sugestivos recursos visuais fortes e claros, como fotografias e objetos de referência, pode ajudá-las a aprender. Por isso, aulas lúdicas são primordiais para que essa assimilação aconteça com afinco. Já que, por esses meios, nossa aluna poderá entender melhor seu ambiente, aprender o comportamento apropriado para situações e atividades específicas e prever a próxima atividade (após assimilar a rotina da turminha). Dificuldades com a compreensão de explicações e instruções verbais também são superadas.

Nossas principais estratégias deverão estar focadas na cooperação entre as crianças. Ou seja, a interação com os seus pares a beneficiará em estímulos cognitivos, aprender a aprender, aprender a brincar e desenvolver relações sociais com os seus coleguinhas. Iremos observar a criança e planejar especificamente para ela, buscando quais atividades precisarão de adaptação ou diferenciação. Nisso e em tudo o que ocorrer, iremos trabalhar juntas: a professora regente Thaís, sua auxiliar, a coordenação, direção, NIC, família e profissionais (fonoaudiólogo – para desenvolver seu conhecimento e uso da linguagem, assim como em problemas de alimentação ou outros como babar e gaguejar, fisioterapeuta - ou terapeutas ocupacionais que devem poder aconselhá-lo na sua postura ao se sentar, em atividades físicas e coordenação mão-olho, pediatras - que podem estar monitorando problemas de coração, audição, visão, uso do banheiro ou outras dificuldades físicas) a parte.

De modo geral, poderemos incluir essa aluna em todas as atividades normais da turminha, apesar de sabermos que ela precisará de um suporte e um olhar mais atento a cada movimento. No entanto, o nosso foco deve ser na melhora das habilidades sociais e da independência.

Os objetivos do trabalho devem incluir:

  • Comunicação;

  • Mobilidade;

  • Brincar e jogar;

  • Socialização;

  • Independência;

  • Inclusão na vida do ambiente da pré-escola.

Por ser uma bebê, o ideal é que realize tudo em grupo, mesmo as atividades diferenciadas poderão ser feitas com um amiguinho (após ela formar um par) ou um pequeno grupo para motivar a socialização e autoconfiança.

Desenvolvendo habilidades de jogar e brincar

Muitas crianças com síndrome de Down precisarão ser ensinadas sobre como brincar com o material da escola, como brincar com outras crianças e como desenvolver a imaginação. Num primeiro momento, elas podem se ater a uma ou duas atividades e ficar relutantes a respeito de qualquer coisa nova. Podem não gostar de molhar ou de sujar as mãos, ou podem ficar aflitas com o barulho ou alvoroço no seu ambiente. A melhor abordagem aqui é introduzir novas atividades lentamente, ensinando as habilidades requeridas e usando outras crianças como modelo. No entanto, deve-se permitir que a criança progrida no seu próprio ritmo. Não se preocupe se ela levar tempo para construir sua confiança.

Desenvolvendo habilidades de autoajuda

Toda criança deve ser encorajada a tornar-se o mais independente possível desde cedo. As horas do lanche e da refeição devem ser utilizadas para dar à criança tempo de prática para beber em um copo e por meio de um canudo, comer com os dedos, com uma colher e, sem passar do horário, com um garfo e uma faca. Algumas crianças, nos primeiros estágios, ainda podem precisar de ajuda para tudo que envolve o ato de se alimentar, e podem não conseguir engolir sólidos ou mastigar. E para isso precisaremos da parceria da família para realizar as mesmas intervenções em casa.

Outro ponto importante é o banheiro. O treinamento de uso do banheiro não deve ser executado até a criança estar pronta física e cognitivamente. Fisicamente, a criança deve estar capaz de segurar a urina por pelo menos uma hora, preferencialmente duas. Isso pode ser testado sentindo a fralda em intervalos apropriados. Cognitivamente, elas precisam ter ligado a sensação física à ideia de fazer xixi. Habitualmente, esse conhecimento é indicado quando dizem que estão molhadas ou sujas ou quando puxam a fralda manchada. Muitas crianças com síndrome de Down não estão prontas para terem treinamento de uso de banheiro até os 4 ou 5 anos ou eventualmente mais velhas.

Um perfil de aprendizagem específico, a medida em que a criança for crescendo...

A partir daqui iremos expor algumas observações sobre o desenvolvimento da aprendizagem de uma criança com síndrome de down. É importante destacar que essas crianças não estão simplesmente atrasadas no seu desenvolvimento ou meramente em necessidade de programas facilitados. Elas têm um perfil de aprendizagem específico com características fortes e fracas. Estar ciente dos fatores que facilitam e dos que inibem a aprendizagem permitirá à equipe planejar e implementar atividades significativas, relevantes e agendas de trabalho. O perfil e o estilo de aprendizagem típico da criança com síndrome de Down, associados às suas necessidades individuais e variações dentro do perfil, precisam assim ser consideradas. As características a seguir são típicas de muitas crianças com síndrome de Down. Algumas têm implicações físicas; outras cognitivas. Muitas podem ter as duas.

Fatores que facilitam a aprendizagem

Forte consciência visual e habilidades de aprendizagem visual, incluindo as capacidades de:

  • Aprender e usar sinais, gestos e apoio visual;

  • Copiar o comportamento e as atitudes de colegas e adultos.

  • Aprender com atividades manuais.

Fatores que inibem a aprendizagem

  • Habilidades motoras atrasadas – finas e grossas;

  • Problemas auditivos e visuais;

  • Dificuldades de linguagem e fala;

  • Memória auditiva de curto-prazo pobre;

  • Estratégias de evitar as propostas impostas.

Em seguida, confira uma breve relação de cada um desses fatores de inibição, com algumas estratégias para trabalhá-los fazendo uso das forças e fraquezas da criança, a fim de construir um programa de sucesso. Muitas dessas estratégias serão reconhecidas como boas práticas simples e assim serão igualmente cabíveis para outras crianças do seu ambiente.

Deficiência visual

Apesar de crianças com síndrome de Down terem tendência a serem ótimas aprendizes visuais, muitas têm algum tipo de deficiência visual: 60-70% precisam usar óculos antes da idade de sete anos. No entanto, problemas visuais em crianças com dificuldades de aprendizagem frequentemente passam despercebidos, visto que qualquer dificuldade na aprendizagem ou no comportamento é tida como consequência da deficiência. É importante, portanto, garantir que a visão seja conferida nos primeiros anos pelo menos a cada seis meses e que cada possível problema visual específico seja levado em conta. Estudos mostraram que em torno de 73% das crianças com síndrome de Down têm a habilidade de foco empobrecida e a acuidade (visão detalhada) reduzida se comparadas aos seus colegas de desenvolvimento dito normal, mesmo quando a visão de curta ou longa distância é corrigida com óculos.

Estratégias:

  • Com o passar o tempo iremos realizar alguns testes e a partir do momento em que formos identificando alguns sintomas na pequena Maria Eduarda, encorajaremos os pais a considerarem óculos bifocais para a criança deles.

  • É importante que já comecemos a realizar as intervenções sempre colocando a criança perto de um adulto em um trabalho em grupo.

  • Possibilitar a criança imagens, fantoches, cartazes, todos os elementos em tamanhos maiores e bastante coloridos e chamativos.

Deficiência auditiva

Muitas crianças pequenas com síndrome de Down experimentam alguma perda auditiva, especialmente nos primeiros anos. Até 20% pode ter uma perda neurossensorial, causada por defeitos de desenvolvimento na orelha e nos nervos auditivos. Mais de 50% tende a sofrer de perda auditiva condutiva devido a acumulação de fluído no ouvido médio causada por infecções frequentes no trato respiratório superior. Isso geralmente ocorre como resultado de um seno ou canais auditivos menores do que o normal. É particularmente importante checar a audição de uma criança, já que isso afetará o desenvolvimento da linguagem e da fala. A claridade da audição pode também flutuar diariamente e é importante determinar se as inconsistências na resposta da criança são devidas à perda auditiva ou falta de compreensão ou uma postura inativa.

Estratégias:

  • Coloque a criança perto do adulto num trabalho de grupo;

  • Fale diretamente à criança;

  • Acentue o início e o final das frases;

  • Reforce a fala com expressões faciais, sinais ou gestos;

  • Reforce a fala com apoio visual – imagens impressas, fotos, materiais concretos;

  • Quando outra criança responder, repita as respostas delas em volume alto;

  • Reformule ou repita palavras e frases que possam não ter sido bem ouvidas.

Habilidades motoras grossas e finas

Atividades que dependem de habilidades motoras coordenadas, grossas ou finas, (sentar, rastejar, andar, correr, manipular brinquedos, alimentar-se/beber independentemente, etc.) aumentam as oportunidades da crianças de descobrir o mundo delas. Por isso, é importante ter em mente que qualquer atraso no desenvolvimento motor nos primeiros anos tende a restringir o desenvolvimento cognitivo. Crianças com síndrome de Down podem ter mais dificuldade do que seus colegas em participar de jogos. Eles também acharão difícil manipular pequenas peças de equipamentos e se engajar em atividades de desenho e de pré-escrita. Como consequência, tendem a precisar de ajuda adicional no desenvolvimento de suas habilidades motoras e de fazer uso de uma série de materiais variados, por exemplo, tesouras adaptadas, lápis duros e resistentes, borrachas para a empunhadura de lápis, grandes pinos para jogos de pregar, etc. Também farão uso de uma série variada de atividades multissensoriais.

Estratégias:

  • Certifique-se de que ao sentar-se a criança possa descansar os pés numa superfície sólida, isto é, o chão ou um descanso;

  • Encoraje a criança a expandir suas habilidades motoras grossas e finas, por exemplo, pedalar um triciclo, subir escadas, jogar e pegar bola;

  • Ofereça várias atividades para desenvolver o controle motor fino, por exemplo, mexer com fios e linhas, brincar com murais e peças de encaixe;

  • Encoraje movimentos largos em um tabuleiro com areia ou num quadro, para ajudar a desenvolver as habilidades pré-escrita.

Dificuldades de fala e linguagem

A maioria das crianças com síndrome de Down apresentam algum grau de deficiência na fala e na linguagem. A maior parte começará a falar entre as idades de dois e três anos. No entanto, a grande maioria consegue se comunicar extremamente bem desde cedo com muito pouco ou nenhum uso da linguagem falada, mas fazendo uso de sinais, gestos e linguagem corporal. Essas dificuldades de aprendizagem resultam num vocabulário menor e menos conhecimento geral, causando atraso em outros aspectos do desenvolvimento cognitivo.

O atraso de linguagem é causado por uma combinação de fatores, alguns deles físicos e outros mais relacionados a dificuldades perceptuais ou dificuldades cognitivas mais profundas. Qualquer atraso em aprender a compreender e usar a linguagem tende a levar a atrasos cognitivos. Habilidades receptivas geralmente são maiores que habilidades expressivas. Como resultado, suas habilidades cognitivas frequentemente são subestimadas. Estimativas de capacidade tendem a baixar mais se há postura inativa ou disfluência (gagueira), ambas comuns em crianças com síndrome de Down.

Crianças com síndrome de Down não são capazes de usar a linguagem para pensar, raciocinar e lembrar na mesma medida que a maioria das crianças da mesma idade. Para encorajar e desenvolver sua fala, é vital que todas oportunidades sejam dadas para auxiliar sua comunicação e compreensão. E mais, elas devem ser vistas regularmente por um fonoaudiólogo que pode sugerir atividades individualizadas que promovam seu desenvolvimento na fala e na linguagem e melhore a clareza e fluência da fala.

Ensinar crianças com síndrome de Down a usar sinais e gestos é um auxílio imenso tanto para as habilidades de compreensão quanto para as de comunicação. Sinais e fala são usados juntos: conforme a criança se torna mais capaz de dizer palavras, os gestos começam a aparecer, geralmente em torno dos cinco anos de idade.

Para garantir a efetividade de qualquer sistema de sinais, é importante que:

  • As professoras e equipe que a acompanhar no ambiente escolar estejam familiarizados com o vocabulário básico de sinais e o usem conforme falam com a criança;

  • As outras crianças sejam apresentadas aos sinais básicos e encorajadas a usá-los;

  • Os pais sejam encorajados a usar sinais e falarem com a criança em casa.

Traços comuns do atraso na aquisição da linguagem;

  • Dificuldade em compreender instruções;

  • Vocabulário menor, levando a menor conhecimento geral;

  • Dificuldades na aprendizagem das regras da gramática (deixando de usar palavras de conexão, preposições, etc.), resultando num estilo telegráfico de fala;

  • Problemas maiores na aprendizagem e no trato com a linguagem social.

Além disso, a combinação de uma cavidade bucal menor e uma boca e músculos da língua mais fracos torna mais difícil para eles fisicamente formarem palavras. Quanto mais longa a frase, maiores se tornam os problemas de articulação.

Problemas de fala e linguagem frequentemente significam, para essas crianças, receber menos oportunidades de tomar parte na comunicação e participar de conversas. É mais difícil para eles perguntar por uma informação ou pedir ajuda. Adultos tendem a fazer perguntas fechadas ou terminarem uma frase para a criança, sem dar a eles o tempo ou a ajuda necessária para que o façam por eles mesmos.

Isso resulta na criança obtendo:

  • Menos experiência de linguagem para capacitá-la a aprender novas palavras e estruturas de frases;

  • Menos prática para melhorar a clareza da sua fala.

Estratégias:

  • Dê tempo à criança para ela processar a linguagem e responder – tente deixar pelo menos cinco segundos para a resposta – você ficará surpreso com o quanto a criança reteve!

  • Ouça cuidadosamente – seu ouvido se ajustará.

  • Garanta contato cara a cara e olhando direto nos olhos.

  • Use linguagem simples e familiar, e frases curtas e concisas.

  • Verifique a compreensão – peça à criança que repita as instruções.

  • Evite vocabulário ambíguo.

  • Reforce a fala com expressões visuais, gestos e sinais.

  • Reforce instruções faladas com imagens impressas, fotos, diagramas, símbolos e materiais concretos.

  • Evite perguntas fechadas e encoraje a criança a falar mais do que declarações de uma palavra só.

  • Encoraje a criança a falar alto oferecendo algo que a estimule visualmente;

  • Use materiais concretos, por exemplo, bonecos, cartões que liguem imagens a palavras, letras para montar palavras, a fim de promover o desenvolvimento da linguagem.

Generalização, pensamento e raciocínio

Quando uma criança tem deficiências de fala e linguagem, o pensamento e o raciocínio são inevitavelmente afetados. Elas encontram mais dificuldade em transferir habilidades de uma situação para outra.

Estratégias:

  • Não acredite que a criança vai transferir conhecimento automaticamente;

  • Ensine novas habilidades usando uma variedade de métodos e materiais em diversos tipos de contexto.

Consolidação e retenção

Crianças com síndrome de Down geralmente levam mais tempo para aprender a consolidar novas habilidades. A capacidade de aprender e reter pode flutuar de dia para dia.

Estratégias:

  • Ofereça tempo extra e oportunidades para repetições adicionais e reforço;

  • Apresente novas habilidades e conceitos de maneiras variadas, usando materiais concretos, práticos e visuais sempre que possível;

  • Siga em frente no programa, mas verifique continuamente se as habilidades aprendidas anteriormente não foram oprimidas pelos estímulos mais recentes.

Estrutura e rotina

Muitas crianças com síndrome de Down têm sucesso se seguem uma rotina, uma estrutura estabelecida, e trabalham com atividades claras e focadas. Situações não estruturadas e informais são frequentemente mais difíceis para elas. Além disso, podem se perder devido a qualquer mudança. Elas podem precisar de mais preparação e podem levar mais tempo para se adaptar a mudanças no cômodo ou transições de uma atividade para outra.

Estratégias:

  • Ensine-a a seguir um quadro de horários, uma rotina e regras de modo explícito, dando tempo e oportunidades para que sejam aprendidos;

  • Ofereça quadros de horário visuais com imagens de atividades ou fotos da criança participando dessas ações;

  • Garanta que a criança esteja ciente da próxima atividade, use objetos de referência, por exemplo, uma caneca para a hora do lanche;

  • Mantenha a rotina o quanto mais for possível;

  • Prepare a criança antecipadamente se você sabe que ocorrerá alguma mudança, e informe os pais.

Comportamento

Não há problemas de comportamento específicos das crianças com síndrome de Down. No entanto, grande parte do comportamento delas será relacionado aos seus níveis de desenvolvimento. Então, quando problemas ocorrerem, geralmente são similares àqueles vistos em crianças de desenvolvimento dito normais de uma idade mais nova.

Além disso, crianças com síndrome de Down crescem tendo que enfrentar mais dificuldades do que vários dos seus colegas. Muito do que se espera que eles cumpram em suas vidas cotidianas terá sido mais difícil de realizar devido aos problemas com a fala e a linguagem, com a memória auditiva de curto-prazo, com a coordenação motora, o período de concentração menor, e as dificuldades de aprendizagem em geral.

O limiar a partir do qual se iniciam os problemas de comportamento pode portanto ser mais baixo do que aqueles dos colegas de desenvolvimento dito normal. Isto é, crianças com síndrome de Down tendem a ficar frustradas e ansiosas mais facilmente. Assim, apesar da síndrome de Down não levar inevitavelmente a problemas de comportamento, a natureza das dificuldades presentes torna essas crianças mais vulneráveis ao desenvolvimento de comportamentos inapropriados.

Um aspecto especial dos problemas comportamentais é o uso de estratégias de evitação. Pesquisas têm mostrado que, como muitas crianças com necessidades especiais, aquelas com síndrome de Down tendem a adotar tais estratégias, o que prejudica o progresso da aprendizagem. Algumas crianças tendem a usar comportamentos sociais para distrair a atenção dos adultos e evitar a aprendizagem, e parecem preparadas apenas para trabalhar em metas enquadradas numa faixa muito estreita e definida. É importante manter-se atento à possibilidade de evitação, separando comportamento imaturo de comportamento deliberadamente inapropriado, e ter certeza de que a idade de desenvolvimento da criança, não a cronológica, está sendo levada em conta, assim como o seu nível de compreensão oral. Qualquer recompensa oferecida deve levar esses fatores em consideração.

Comportamento inapropriado pode ser motivado por:

  • Busca de atenção, especialmente se a criança não está acostumada a trabalhar em grupo, dividindo ou revezando;

  • Confusão ou incerteza, quando a criança não tem clareza do que é esperado dela ou falhou na compreensão ou na lembrança do que lhe disseram;

  • Raiva ou frustração, quando são afastados da companhia de seus amigos para fazer trabalho especial ou lhes dão tarefas muito difíceis ou muito fáceis;

  • A necessidade de controle, quando a criança recebe pouca opção ou é ajudada além do necessário;

  • Imaturidade, quando a criança não está com seu desenvolvimento preparado para uma tarefa como ser treinada no uso do banheiro ou a participar de brincadeiras cooperativas.

Estratégias:

  • Certifique-se de que as regras estejam claras;

  • Distinga o “não pode” do “não serve”;

  • Investigue qualquer comportamento inapropriado, perguntando a si mesmo a razão da criança em agir de tal maneira;

  • Ignore comportamento que busca atenção com limites razoáveis e, ao vê-los agindo positivamente, faça elogios ou aplauda;

  • Reforce o comportamento desejado imediatamente com recompensas visuais, orais ou tangíveis;

  • Garanta que a criança esteja trabalhando e brincando com colegas que atuem como bons modelos.

Conclusão

O desenvolvimento de uma criança seja ela com down ou não, é uma experiência única. É preciso reconhecer que o desenvolvimento é indissociável das experiências do mundo criança vai diferenciar, em grande parte o indivíduo que essa criança vai ser. A escola ocupa um importante papel nessa tarefa, ao estimular o desenvolvimento de habilidades, ao oportunizar um ambiente rico em convivência, e de trocas entre os alunos e educadores, favorecendo seu desenvolvimento geral e o aprimoramento da linguagem nesse processo.

Em decorrência destes fatos, precisamos refletir a importância da forma que possamos passar-lhes sempre uma mensagem positiva, para que seja olhado com mais otimismo e confiança no seu futuro. Conclui-se assim que, a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais em classe comum de ensino regular, pode ser viável desde que se tenha presente a complexidade de tal processo, o qual requer muito investimento e comprometimento principalmente da família e dos órgãos governamentais.

Referências Bibliográficas

ALTON, S. Down´s Syndrome Association.2000. Acessado em: 06/03/2017. Disponível em: <<http://www.movimentodown.org.br/2013/02/educacao-infantil/>>.

ROSA, Rose Raquel. Síndrome de down.1999. Acessado em: 06/03/2017. Disponível em: <<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAbJ4AK/educacao-infantil>>.

SCHWARTZMAN. J. S. Síndrome de down. São Paulo: Mackenzie, 1999.


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