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  • Foto do escritorJuliana Melo

Socialização infantil


Imagem da Manhã de Primavera da Escola Curumim de Itabuna

Entre o nascimento e os 3 anos, as habilidades sociais da criança gradualmente amadurecem. Desde o momento em que nasce, seu filho aprende a se adaptar e a responder às pessoas em volta.

Durante o primeiro ano, ele se concentra principalmente em descobrir do que é capaz (segurar coisas e andar, por exemplo) e em interagir com os pais. Por volta dos 2 anos, começa a gostar de brincar com outras crianças. Mas vai precisar de treino para entender como essa socialização funciona - a princípio, seu filho não vai querer dividir brinquedos com ninguém. Ao atingir 3 anos, estará a caminho de fazer os primeiros amigos para valer.

O desenvolvimento da criança se inicia a partir da concepção e evolui abrangendo aspectos neurológicos, cognitivos, afetivos, motores e perceptivos. Podemos fazer uma analogia do cérebro da criança como se fosse uma esponja pronta para absorver experiências, perceber e fazer sinapses. Toda experiência vivida por esses pequenos será parte integrante e importante da formação da personalidade do adulto que virá a ser. Por isso, conhecendo um pouco como se desenvolvem, poderemos auxiliar, estimulando adequadamente, sem exigir algo que não é apropriado para a etapa de desenvolvimento e, também, sem desprezar o aparato neuropsicomotor e cognitivo que têm, pronto para aprender e crescer de forma saudável.

A criança, de acordo com a teoria piagetiana, é um ser pensante e até os dois anos de idade experimenta o período sensório-motor – em que a aquisição do conhecimento acontece por meio dos sentidos. A criança nessa fase necessita tocar e levar tudo à boca, maneira que conhece e experimenta o mundo. Essas ações acontecem de uma forma reflexiva, ou seja, não há intenção nos atos.

Após essa etapa, a criança passa ao estágio pré-operatório que perdura aproximadamente até os sete anos de idade. No início dessa fase, a criança ainda acha – na verdade tem certeza – de que é o centro do universo. Egocêntrica, crê que tudo o que acontece é em função dela, as ações são irreversíveis e o raciocínio lógico ainda está em desenvolvimento. Ela não compreende as transformações e a reversibilidade, mesmo que ocorram na sua frente. Ao pegarmos, por exemplo, uma bola de massinha de modelar e esticá-la em uma cobrinha, a criança acreditará que na cobrinha há mais massinha. Ao colocarmos um fantoche do lobo nas mãos, a criança dará vida a ele, ignorando que o viu sendo vestido pela mamãe ou professora.

Esse jogo do faz de conta é importante para que os pequenos simbolizem o que sentem e elaborem seus conflitos, recriando experiências do seu dia a dia, representando o imaginário no mundo real, utilizando suas habilidades cognitivas e motoras.

Antes dos 2 anos é a fase do jogo ou brinquedo solitário onde a criança explora mais os objetos de maneira solitária. Do segundo para o terceiro ano de vida a criança começa imitar os outros coleguinhas nas brincadeiras, brinca ao lado de outras, mas, sem muita interação. Mais próximo do terceiro ano é que a criança aprende o dar e o receber, participa de jogos de fantasia e já existe uma organização maior dos níveis da brincadeira. Nesta fase começam a reconhecer liderança ou lutar por ela. Só a partir dos 4 anos que existe maior cooperação entre os colegas e muitas vezes meninos e meninas se agrupam separadamente de acordo com seus interesses. Neste momento também conseguem emprestar e compartilhar mais os brinquedos.

Aos dois anos de idade começa a reconhecer algumas cores e formas. Sabe procurar e encontrar objetos que guardou. Gosta de brinquedos que possa empurrar, puxar, encaixar e explorar com os dedos. É uma verdadeira pesquisadora referenciada tentando descobrir como as coisas funcionam.

Após os dois anos a criança começa a descobrir o prazer em brincar com o outro. O egocentrismo começa a sair de cena e então começa o processo de socialização. Até os dois anos e meio a criança assimila centenas de palavras em pouco tempo. Já é capaz de construir frases simples completas e de verbalizar muitas palavras, mesmo que com erros fonéticos. Já anda por todo lado e é muito curiosa. Compreende perfeitamente o significado da palavra “NÃO” e outras palavras de ordem. Reconhece e classifica formas, cores e espessuras.

Dos dois anos e meio aos três anos, papais e mamães precisam ter bastante disponibilidade para responder a todos os questionamentos da criança: “Como?”, “Quando?” e o preferido “Por quê?”. Apesar da linguagem ainda estar em desenvolvimento, seu vocabulário já é bastante extenso e a criança consegue comunicar-se com perfeição.

Denominam-se agentes de socialização as pessoas ou instituições que exercem influência sobre a criança e incidem, por meio dela, em seu processo de desenvolvimento social. Os principais agentes de socialização são: família, escola, grupo de iguais, sociedade em geral e meios de comunicação. (ARRIBAS, p.50)

A família constitui o primeiro ambiente de interação pessoal no qual a criança se desenvolve. As primeiras experiências de caráter social acontecerão, portanto, no meio familiar.

O meio afetivo, a quantidade e a qualidade das relações entre seus componentes, o número de membros que a formam (irmãos, avós ou outros) são fatores diferenciadores da influência socializadora da família.

Intervenções dentro e fora da sala de aula como: exagerar na cantoria, brincando com as palavras, músicas e poesias, realizar brincadeiras de faz de conta, aumentar a participação da criança em atividades em grupo, diversificar o tipo de contatos sociais, entre outros, trará a criança maior segurança para socializar com os seus pares e assim, perderá o seu temor diante de estranhos, de brincar com o outro, conversar e compartilhar brinquedos e brincadeiras, já que esses fatores são essenciais para o seu desenvolvimento.

O aparelho neuropsicomotor amadurece aos poucos, no sentido céfalo-caudal, ou seja, da cabeça para os pés. Por isso, primeiro o bebê levanta sua cabeça, o tronco, senta-se para depois andar. Há uma hierarquia e um amadurecimento motor a ser completado antes de acontecer a etapa seguinte. Sabemos que uma criança não irá andar aos dois meses de idade certo? Por isso é preciso curtir os pequenos e aproveitar cada fase sem ansiedade, evitando esperar resultados que ela ainda não está madura para tal. Cada etapa é única e não volta mais. Então, se deliciem com o prazer de cada uma delas o que fará com que cresçam felizes e saudáveis física, emocional e cognitivamente!

Hoje vivemos em um mundo social bastante complexo, com milhares de pequenas regras implícitas que regulam nossas relações. O desenvolvimento saudável da socialização ao longo da vida propicia melhores habilidades empáticas, flexibilidade e maiores chances de sucesso pessoal, familiar e profissional.

REFERÊNCIAS

ARRIBAS, Teresa Lleixà. Educação Infantil: desenvolvimento, currículo e organização escolar. 5 ed. Porto Alegre. Editora Artmed, 2004, p. 49 a 51.


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